O que você faria se tivesse uma conta no Instagram com mais de 100 mil seguidores? Parece loucura, mas o empresário, Hugo Cavalari, desativou e resolveu criar um novo perfil do zero, afim de entender os novos formatos de se conectar com as pessoas.
Trabalhando com marketing digital desde 2014, o ex-modelo viu na internet mil e uma possibilidades para transformar a maneira tradicional das empresas e conecta-las com os criadores de conteúdo digital.
Com uma bagagem na área da moda e contatos preciosos, Hugo deixou a modelagem para trás e mirou certeiramente na sua HC Agência. Na nossa entrevista, falamos sobre moda, carreira e redes sociais.
Rener Oliveira: Hugo, você começou sua carreira sendo modelo. Como você avalia o atual cenário para quem quer iniciar no ramo, mas não tem uma presença digital forte? As marcas ainda se conectam com esses perfis?
Hugo Cavalari: Quando comecei como modelo, era um cenário completamente diferente. O digital estava começando e as marcas nem pensavam nisso. Com o passar do tempo, vi o cenário mudar. Os influenciadores ganharam muito peso dentro da moda. Não só a moda, mas as empresas em geral achavam que os influenciadores eram voltados apenas para um público infantil. Quando passaram a perceber que os influenciadores vendiam, a chave girou.
Hoje em dia as marcas buscam muito por “modelo influencer”, que já tenham audiência e credibilidade na internet. Isso ajuda consequentemente a marca vender não só com imagem, mas com receita financeira relacionada a audiência.
Mas ainda existe espaço para os modelos low profile. O ponto é que o modelo perdeu um pouco de espaço de mercado por ter surgido muitas outras possibilidades.
RO: Você considera que tudo precisa ser conteúdo? Hoje existe espaço para posts sem propósito?
HC: Rede social tem espaço para imagem. Mas, só por imagem, a ela não vive. A pessoa tem que ter carisma, humanizar e conversar com a audiência. Imagem vende. Mas não é só.
Cada vez mais tem que trazer algum tipo de informação para a audiência. Toda empresa é uma marca, assim como toda pessoa física. Óbvio que o Instagram de um fotógrafo, por exemplo, funciona só com imagem. Mas o fotógrafo não está só vendendo a imagem. Ele aborda todos os processos de criação. Ele vende a imagem com a informação e impacta a audiência de várias formas.
RO: Como e quando você decidiu mudar de profissão e como você enxerga os posicionamentos da nova geração sobre trabalho? A internet realmente vai conseguir monetizar todo mundo?
HC: Eu comecei a perceber que o mercado de moda não ia se sustentar por conta da forte entrada do mercado de influência. Por volta de 2014/2015, eu já via que as marcas buscavam se conectar com os influencers. Eu mesmo já fazia alguns trabalhos de influenciador, ações de redes sociais, ainda sendo modelo. Eu vi que o “belo” estava mudando. As empresas passaram a olhar para a diversidade e haviam dois movimentos fortes que estavam tomando espaço do estilo de modelos mais antigos. A partir disso resolvi focar na agência, que era o que vinha me dando resultado. Foi a melhor escolha que eu fiz.
RO: Falando sobre criação de conteúdo, existe uma regra, ou a singularidade de cada um vai ser a maior fonte de inspiração?
HC: Quando a gente fala em produção de conteúdo, existe algo que falo sempre: conteúdo é commodity. Tem de monte na internet. O ponto é como você comunica aquela notícia para a sua audiência. Ai vem autoralidade, a singularidade e você saber passar a informação do seu jeito.
RO: Como especialista, quais as principais mudanças que você enxerga para quem ainda não está inserido digitalmente? Todos precisam estar online?
HC: Eu tinha uma conta com mais de 100 mil seguidores e resolvi começar uma do zero. Se eu posso passar uma mensagem para as pessoas é: comece. Não tenha medo de começar. Sou uma prova viva disso. Sendo bem sincero, independente do momento da vida da pessoa, que ela entre de cabeça e aprenda a produzir conteúdo de verdade. Se manter constância, o resultado vai chegar. Hoje não existe um modelo de negócio que não esteja na internet.