Para ser chic tem que ser magro?

Nessa temporada de veraneio é possível ver muitas personalidades da internet que também trabalham diretamente com moda curtindo seu mood praia e, com isso, aproveitando da culinária. O que ainda me intriga depois de tanto tempo que estamos falando sobre saúde física e mental, são os comentários do tipo: “estou gorda”, depois de comer feijoada, ou até mesmo, dizer que está “chutando o balde com força”, postando um pequeno prato de carne com farofa. Estamos falando de pessoas com números inimagináveis de seguidores e que são responsáveis por comunicar para uma imensa audiência, muitas vezes compostas por adolescentes e jovens que ainda buscam suas próprias personalidades.

Devemos nós consumidores de conteúdo também ligarmos o alerta para que não sejamos meio para estruturar os distúrbios alimentares dos outros achando que esses tipos de comentários são normais, quando na verdade geram inúmeros problemas.

A moda influencia diretamente nessa distorção de imagem e poder de validação. Se não encontrarmos nas passarelas modelos que desfilem os corpos normais e seguirmos aplaudindo e achando chic tudo aquilo que representa o magro, estaremos movimentando os estigmas sobre o consumo para corpos inalcançáveis e criando uma geração com ainda mais problemas de autoestima.

Em seu recente desfile durante a Semana de Moda Masculina, Anthony Vaccarello deixou claro que não está interessado em abraçar os corpos múltiplos em suas coleções para #YvesSaintLaurent. Trazendo a androginia e até mesmo o ar da heroin chic dos anos 90, a fusão de gêneros na marca mostra a unanimidade dos modelos cabides como reflexo de consumo e padrão para as suas apresentações.

Foto/Reprodução

Inconscientemente nos identificamos com peças e destacamos suas belezas e execuções, mas precisamos treinar o nosso olhar para além dos nossos gostos pessoais e entender o motivo por trás de não encontrar outras referências sobre elegância que não seja um manequim 32 e corpos que remetem a puberdade.

Em uma geração com pessoas extremamente ansiosas, o que não precisamos é a volta de uma tendência que se inspira em distúrbios e cria pessoas altamente padronizadas.

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