Há ressocialização na moda?

Esse não é um post para listar 10 motivos nos quais a Dolce & Gabbana é uma marca cancelada na internet. Já revivemos inúmeras vezes os graves casos de preconceito, gordofobia e xenofobia praticados por Domenico e Stefano. Faz um tempo que a dupla não se envolve em novas polêmicas e a maison vem se dedicando a construir uma imagem mais pacífica, digamos assim.

Exemplo disso é um projeto de apoio a pequenos designers emergentes que já está na terceira edição, onde a D&G dá todo o suporte para o lançamento de suas novas coleções, como foi o caso do inglês Matty Bovan, a coreana Miss Shoee e, agora, o japonês Tomo Koizumi.

Durante a Semana de Moda de Milão, Tomo usou o escritório da dupla na cidade para desfilar suas peças que trazem volumetria ao nível máximo criando essa imagem de corpos que beiram o etéreo em formas orgânicas. Alguns dos tecidos foram reaproveitados do arquivo de Alta Moda da Dolce & Gabbana, trazendo as tradicionais estampas Carreto da marca e reverenciado os shapes, como vimos os espartilhos em uma ode ao histórico da Dolce.

Foto: Isidore Montag/Reprodução
Foto: Isidore Montag/Reprodução

Sobre o apoio, Tomo Koizumi disse à Vogue que: “É ótimo porque eles apoiam totalmente tudo, de tecidos a bolsas e sapatos. Para um designer como eu, é muito difícil fazer um show sozinho, então isso significa tudo.”

Essa não é a primeira ação da D&G em uma tentativa de ressocialização na moda. Nos bastidores, o que se fala é que a italiana é uma das mais democráticas quando falamos em apoio a novos artistas e personalidades, abrindo suas portas para vestir identidades que até então não eram apoiadas pela moda.

Todo esse trabalho é ligado a um time que está conectado com as pautas atuais. Observar essa performance do Koizumi em Milão usando a plataforma da D&G para alavancar o seu olhar criativo, é entender que precisamos ocupar espaços e usar a supremacia de uma maneira que ela nos devolva algo de positivo em meio às controvérsias.

Isso é hackear o sistema. Os estilistas podem ter mudado de pensamento? Talvez. Mas o nosso papel como comunicadores e pensadores da nova geração, é também entender que as mudanças não acontecem do dia para noite e precisamos seguir acreditando nelas.

📸: Isidore Montag/Gorunway.com

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