O papel da roupa na escassez

Já parou para pensar como o ser humano age na escassez? Não faz muito tempo que saímos de uma pandemia com os preços absurdos do álcool gel. Recentemente, com as tragédias no litoral de São Paulo, havia venda de água mineral no valor de R$93 reais. Ainda no mesmo caso, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criou mobilização para doar itens apreendidos pela Receita Federal às vítimas da tragédia. Entre eles, muitos artigos de luxo como roupas e acessórios.

Nesses cenários passamos a mensurar de como as etiquetas vem antes da função social da roupa e observamos reações nas redes sociais de pessoas questionando se é necessário doar itens tão caros para uma população que perdeu tudo. Ou se até mesmo não era melhor fazer um leilão e doar o dinheiro, como se fosse uma atitude fácil e resolutiva em um cenário de escassez extrema de quem teve o pouco que tinha levado pela água.

Doar para o pobre só itens rasgados, né?

A indumentária existe com a função de nos vestir, proteger e cumprir a sua função dentro das circunstâncias.

Recentemente jogamos o olhar para um vídeo divulgado por uma brasileira em Portugal dentro de um centro de doações de roupas para pessoas em vulnerabilidade, onde a mesma garimpava esses itens, doados gratuitamente para quem precisa, e vendia na internet, “fazendo uma graninha extra”.

Em conversa com a advogada portuguesa @belcasaltanabais, essas práticas são muito comuns em Portugal. Ela afirma que as pessoas preferem doar do que vender, onde comumente são caridosas, e até então não havia essa cultura de second hand além dos tradicionais bazares de igreja.

Para o ativista @Isuperio, que trouxe o debate para o seu perfil, uma das pessoas responsáveis pelo “brechó”, compartilhou que criou o espaço para ajudar a sua comunidade, em uma atitude totalmente de solidariedade e ganhou uma exposição desnecessária, onde foi divulgada a casa e criando um certo desconforto. Para as redes sociais temos limites?

Das façanhas do capitalismo, a pior é que é capaz de tirar até mesmo a nossa humanidade, o nosso sentido de coletivo e a capacidade de criar oportunidades pelo bel prazer até mesmo em situações de empatia em uma falta de senso ético e moral.

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