Desde o surgimento do metaverso até a recente popularização de tecnologias de inteligência artificial, como ChatGPT e o Midjourney, muito tem se discutido sobre o papel dessas ferramentas na criação de moda no mundo inteiro. Falamos e discutimos sobre as questões éticas, como direitos autorais e limites de criação, questões sociais, como empregos e impactos na geração de renda, criatividade e autenticidade.
Não está em discussão que a adoção de novas tecnologias nos permite ampliar e aprimorar as técnicas de confecção e produção de matérias-primas e ajuda a planejar melhor e desperdiçar menos. A criar novas possibilidades em uma das maiores cadeias de moda do mundo. Estamos preparados para o futuro?
Recentemente a revista Elle Brasil divulgou suas capas digitais, trazendo as influenciadoras Malu Borges e Lívia Marques ao lado da Lu, do Magalu. As escolhas não assombram por estarmos falando em números já que o brasilieiro tem fetiche em engajamento. As de carne e osso parece que chocaram menos que a digital. Mas não estamos aqui para falar sobre o papel das influenciadoras e a relação com a moda, a diversidade e o papel político e social das plataformas. Isso fica para outro dia.
Será que a IA é uma grande vilã? Ano passado o Nordestesse e Magalu estiveram na capa da Vogue BR ao lado de diversas pequenas marcas nordestinas. Um fato inédito e que amplificou a voz, potência e entendimento de roupas feitas por mãos humanas que precisava de uma oportunidade. O futuro deve trazer esses debates e em como amplificar iniciativas reais com a ajuda do digital.
O caso da Levi’s, por exemplo, acaba sendo um retrocesso nesse sentido. A marca afirmou que irá criar avatares para suas campanhas, com o intuito de trazer “diversidade e sustentabilidade”. Que diversidade é essa quando na vida real ainda temos tantas pessoas que precisam de um local de fala sobre seus corpos, cores e culturas?
Eu ainda tenho minhas dúvidas sobre quando as máquinas vão conseguir sentir sabores, cheiros, conectá-las às memórias e traduzir isso em experiências. Porque existem coisas que nem nosso próprio vocabulário é capaz de dar conta, imagina um código binário.
*colaboração @matavares.sm