O pijama listrado da Riachuelo e as semióticas da moda

Acompanhando o caso do pijama listrado lançado pela Riachuelo nos últimos dias e tendo em vista a pauta da moda como linguagem não verbal, o que mais choca é entender que, a construção semiótica além de ter passado despercebida pela equipe da fast-fashion, quando chega a massa, comentários que normalizam a dor e incômodo de terceiros são postos em questão, como se realmente fosse simples, como trocar de roupas, desvincular símbolos tão problemáticos da humanidade.

Para quem estudou o mínimo da história deve ter ciência dos horrores do Holocausto e suas consequências até hoje. Da infelicidade a falta de senso, a Riachuelo caiu mais uma vez na polêmica ao reproduzir um conjunto de pijamas listrados com muita semelhança aos uniformes usados pelos judeus durante o regime e genocídio N4sista.

A pauta foi levantada no X(ex-Twitter) por Maria Eugênya Pacioni, especialista em Cultura Material, Consumo e Semiótica Psicanalítica pela US, atrelada a foto que viralizou.

E a moda é, antes de tudo, política. Viver em uma época onde loucos são os questionadores já que a aceleração das coisas nos blinda de intelectualizar discussões acerca do consumo como posicionamento, acabamos caindo no looping de esquecimentos e mentes vazias.

Não podemos esquecer que os mesmos tecidos que nos enfeitam, são os que muitas vezes nos aprisionam.

Não é a primeira vez que a moda fala sem precisar de palavras. Algumas outras campanhas chegaram às prateleiras com o gosto amargo, como em 2018 quando a Lança Perfume lançou uma coleção que foi apontada na internet como apologia ao n4zismo. A marca disse que era “inspirada em Berlim”.

Ou até mesmo quando a ex-primeira dama dos EUA, Melania Trump, usou uma parka da Zara com a frase “Eu realmente não me importo, e você?”, ao visitar um abrigo de crianças imigrantes no Texas.

Às vezes é preferível acreditar que algumas coisas passam despercebidas, mas o benefício da dúvida a gente geralmente usa quando são raros os casos. Em questões de reincidência, talvez aplique-se a indiferença ou repugnância.

Não é porque é uma dor que não me dói, que não vai doer no outro. Isso aprendemos muito antes do que aprender a escolher nossas próprias roupas.

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