Por que artistas nacionais também não usam a moda do Brasil em momentos de estrelato?

@patriciabonaldi conseguiu uma dobradinha de respeito nos últimos dias: após apresentar sua coleção inspirada no Tropicalismo durante a NYFW, ontem, às celebrações foram em torno de um look bordado à mão usado por #Beyonce em sua turnê. Em paralelo aos feitos, inúmeros são os eventos acontecendo no globo – do VMA ao Festival de Veneza – e com vários brasileiros nos representando. Mas, sabe o que falta? A valorização da moda nacional no lugar de estrelato.

É fácil reverenciar uma popstar e acreditar que, esses lugares são maleáveis de se chegar do que assistir um tapete vermelho e ver um dos nossos usando uma etiqueta que fomente a criatividade e capacidade intelectual de um país com tantas camadas para fazer a moda também como espaço político, social e econômico.

Para entender como essa logística funciona, precisamos colocar em questão também os acessos nesse meio. Inúmeras pessoas já pontuaram que é bem mais provável uma marca internacional abrir suas portas para um artista ou personalidade nacional do que uma marca nativa. Pela lógica do consumo e privilégios, muitas dessas pessoas quando estão em ascensão financeira, estreitam seus laços com o que é de fora, injetando dinheiro em grifes que não falam português e, olhando para a moda do Brasil, apenas quando lhe convém.

Vide os casos de stylists que devolvem produções de pequenas marcas em sacos de supermercado. Será que fazem isso com a Gucci?

Se restam dúvidas, a italiana Dolce & Gabbana é uma das poucas que abraça neo artistas aqui dentro e lá fora, por isso vemos tantas personalidades que lutam por causas como a deputada Erika Hilton e até mesmo a cantora Majur usando a marca que, por muitos, é controversa.

Não é um processo de via única acreditar que essas mudanças serão do dia para noite. Fazer moda em nosso país é um desafio constante tanto para quem produz quanto para quem compra. Por outro lado, enquanto vemos artistas com o poder nas mãos darem preferência para seus feitos se cobrindo de inglês, francês ou italiano, estaremos fadados a seguir como prêmios de consolação.

Quem dera as potências que se vangloriam de abrirem portas para o mundo abrissem também para os estilistas nacionais.

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