Durante muito tempo o mercado de roupas de segunda mão (bazar, brechós) foi visto com nariz torcido. Os clientes tinham um certo tipo de preconceito por comprar peças que haviam sido passadas por outras pessoas. Cafona, né? Nada mais chic que uma boa peça vintage com muita história por trás. Com as mudanças de gerações, muitas coisas estão ganhando um novo significado.
O mercado da moda não seria diferente: segundo um estudo feito através da GlobalData e ThredUp, daqui a 5 anos, os Estados Unidos terá movimentado US$51 bilhões em roupas de segunda mão. Aqui no Brasil, a crescente de brechós online é visivelmente um avanço. Os famosos “desapegos” ou perfis online criados por influenciadoras e pessoas que acreditam na moda sustentável, preenchem o nosso feed com uma infinidade de produtos.
Vale deixar claro que existe uma diferença entre bazar e brechó. O bazar geralmente é tido como aquele de garagem ou os tradicionais de igreja. Eles contam com produtos mais baratos e sem nenhum tipo de curadoria. Já os brechós tem um cuidado maior na seleção de produtos e tendem ter uma organização mais eficaz e produzida.
Conversamos com algumas pessoas que movimentam esse mercado aqui no Rio Grande do Norte para saber mais sobre esse momento atual que estamos vivendo, além de previsões futuras para o comércio.
Uma delas foi a Adyha Aby Faraj, responsável pela REUSE, e que sempre foi apaixonada por moda. Ela começou com um bazar para desapegar de algumas práticas consumistas aos 16 anos, onde além do seu quarto, guardava roupas em outro cômodo da casa, sendo muitas delas nunca usadas e com etiquetas.
“Através da REUSE eu tento desconstruir os conceitos preconceituosos que as pessoas têm de bazar e brechó. Eu trabalho de uma forma totalmente contrária do que as pessoas acham que é um brechó, por isso chamo de second hand (segunda mão). Você consegue, sim, usar tendências de moda com peças de segunda mão, sendo mais coringas e atemporais”, completa.
Adyha preza muito pela ecologia e pontua que, infelizmente, o mercado da moda ainda é uma das mais poluentes e consumista de água no mundo. Usar uma peça de segunda mão, é trazer uma nova perspectiva de vida para ela, evitando que ela vá parar em aterros sanitários e não colabore com mais poluição no planeta.
“O nosso consumidor passou a ser exigente e inteligente. Tudo que implantei na REUSE são experiências minhas como cliente. Nossas roupas são lavadas, temos sacolas personalizadas, cheirinho que as clientes amam, e toda uma equipe completa com entregador próprio para garantir a segurança da roupa e da nossa cliente. Cada vez mais o consumidor quer saber de onde vem as roupas e o que eles estão consumindo. Nossa demanda vem sendo em como ter um guarda-roupa cápsula e consciente”, finaliza a empresária.
Quem resolveu se reinventar e focar nesse mercado foi a comunicadora Tainan Cruz. Ela trabalha com criação de conteúdo para as empresas e usa suas habilidades para gerenciar o Brechó da Tai, que atualmente envia para todo o Brasil.
“O Brechó da Tai ainda está engatinhando, então estou no processo de conhecer os gostos e interesse do público. Mas posso dizer que analiso três coisas essenciais durante o processo de curadoria: a qualidade, o estado de conservação e, baseado nesses dois primeiros, se eu compraria para mim. Oferecer ao outro o que é da forma que eu gostaria de receber, cria uma conexão pessoal e mais íntima com o cliente, é onde nasce um diferencial para a empresa”, afirma Tainan.
A jovem ainda acredita que diante do cenário geral no mundo atual, a moda passará a ser mais exclusiva. Porém uma exclusividade inteligente, menos consumista e mais sustentável, que já está abrindo portas largas para novas oportunidades de negócios diferentes dos tradicionais.
Dupla carimbada nos garimpos de moda, Helena Viana e Ustana Bezerra, viajam o mundo todo e fazem essa moda vintage girar principalmente entre suas amigas. Helena se apaixonou pelos brechós na Paris dos anos 80, onde é super tradicional na Europa esse tipo de mercado. Ela vende sempre o que consome, onde usa as peças poucas vezes e repassa para uma clientela fixa que criou ao longo dos anos.
Já Ustana pensa muito no lado sustentável e menos poluente da roupa. “Hoje países desenvolvidos as pessoas compram muito em brechó até porque o vintage é cool. Acho que o planeta nunca agradeceu tanto essa situação, pois milhares de produtos tóxicos deixam de poluir a natureza quando se faz roupas novas com gastos de água”, declara.
Fica claro que o mercado second hand além de ter um papel social indiscutível, ainda tem a responsabilidade de revisitar o passado e trazer peças com história, resgatando memórias através das roupas. Nesse post, foi imprescindível trazer essas pessoas que fazem a moda acontecer de uma maneira ética e profissional usando os seus negócios.
A partir disso tudo fica o questionamento: será que precisamos mesmo de roupas novas?
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