AS BOLHAS NA MODA E A CONSTRUÇÃO DE COMUNIDADES. Estariam as marcas estreitando cada vez mais as relações?

Nos últimos eventos que pude acompanhar de perto, entendi que a moda vem se movimentando através de bolhas. Sejam elas as que querem a todo custo serem vistas e notadas, ou as que estão ali por crenças e assemelhados. Mês passado, durante o desfile da Neriage em São Paulo, não se achava uma carta fora do baralho ou aventureiros de redes sociais, todos os convidados tinham alguma relação com a moda que a marca acredita. Famosos? No máximo três que personificavam a etiqueta.

Ou nos desfiles megalomaníacos da Dendezeiro e seus estudos sobre as cores do Brasil, onde a audiência vibra a cada entrada de modelo e você percebe que quem está ali, é porque sabe o que foi apreciar. Isaac Silva, idem, não há uma faixa etária para celebrar o Axé da Isa, mas a energia, segue a mesma, assim como os princípios sociais.

Para sermos diversos temos que nos entender e saber que, mesmo com muitos pontos de vista sobre grupos e suas diferenças, algumas comunicações são mais eficazes se direcionamos nossa energia para o que nos representa.

Alguns desfiles viraram festa, área vip para ex-participantes de reality, onde ao fim de cada apresentação, falam sobre tudo, menos sobre as roupas.

Há até os que vão para fora do Brasil durante as FW internacionais para tentar um clique ou outro na porta de um desfile que não foi convidado. É a banalização da moda como espetáculo, o descarte da imagem e, até mesmo, um vislumbre sobre os novos tempos.

Ao mesmo tempo que buscamos alternativas que nos aproximem, o fator geracional nos diferencia. A moda como arte, pertencimento e pesquisa é, acima de tudo, sobre apreciação. E não conseguimos apreciar o que não entendemos.

Será que cada vez mais esses círculos serão fechados? Como fazer a moda de fato ser democrática além da ideia? Os estilistas estão errados em fortalecerem suas comunidades? Ou os profissionais de moda e influência que precisam se embasar?

Confesso que me preocupa no quesito de que naturalmente esses acontecimentos se tornem eventos apenas para os que pensam, se vestem e agem iguais, deixando de lado a diversidade de pensamentos. Mas talvez seja o preço que se paga pela produção de pessoas a nível de fast-fashion.

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