O caso FAAP e o que o algoritmo nos mostra sobre moda

Esse não é um questionamento aos alunos de moda da FAAP em si, mas como somos condicionados “livremente” a consumir conteúdos superficiais sobre moda, um ato de perpetuação de estigma sobre uma cadeia produtiva que segue no lugar do fútil.

Para quem não está ativamente no TikTok, na rede ao lado os alunos do curso de moda da FAAP, uma das referências em ensino no Brasil há 75 anos, estão vivendo sua própria fantasia Gossip Girl com vídeos despretensiosos sobre o dia a dia na faculdade.

São pequenas entrevistas, demonstração dos materiais mais caros adquiridos para o curso, doses de humor ácido e quase nenhum aprofundamento sobre a moda como técnica e expressão.

Debatendo o tema com ex-alunos, foi compartilhado que a FAAP pediu para que moderassem nas publicações, para que não cause uma falsa impressão e crie rupturas nas ações como bolsas de estudos oferecidas.

Para chegar na problemática, temos dois pontos:

1: a moda é elitista. Alunos com bolsas Chanel, Dior e YSL, looks milimetricamente pensados para ser hit e grupos de semelhantes gerando conteúdo. As bolhas na moda se criam a partir da formação.

Voltando para a escola, os fardamentos existem para que os alunos não se sintam diferenciados por questões aquisitivas que remetem ao poder. Nas faculdades em geral já não podemos controlar, são definições de realidades.

Ponto 2: a falta da valorização na construção de imagem de moda nacional. Se olharmos atentamente os vídeos virais, os raros são os pequenos fashionistas que aparecem com marcas brasileiras. Esse entendimento de consumo retrógrado só mostra que a próxima geração da moda ainda precisa ampliar os olhares sobre referências, para que o futuro não seja um reboot do passado.

A educação dentro do nosso país ainda é um dos maiores artigos de luxo, possibilitando aberturas internas para um grupo X que já se faz presente nos grandes locais, tornando difícil o acesso para estudantes que não têm as mesmas vias ou oportunidades.

As estruturas sociais, raciais e regionais não se movimentam mais em silêncio. E o que nós estamos fazendo para que essa indústria que move tanto dinheiro seja mais confortável para quem está além dos muros educacionais?

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