A nova geração da moda e a síndrome de Anna Wintour

Quando comecei nesse mundo da comunicação aqui em Natal em meados de 2013 eu já andava no meio de gente grande. Jornalistas mais velhos que usavam seus diplomas como prêmio e segmentando os que não tinham o título com olhares de superioridade e soberba. Eu observava. Para me proteger, um ex-chefe falava para todos que eu cursava jornalismo e estava no terceiro período. Passei anos no terceiro período até finalmente terminar o ensino médio e ingressar oficialmente na universidade em 2015.

Durante esse tempo eu seguia observando. Desde pegar uma tacinha de espumante até o que falar e como falar. Mas, acima de tudo, eu observava o que eu não queria ser.

Eis me aqui em pleno 2023. Em meio a revolução digital onde todos temos vozes, olhares e opiniões. Atire a primeira pedra quem dessa nova geração de comunicadores não nasceu de um post viral ou uma opinião por muitas vezes tida como equivocada?

Olhando para trás confesso que talvez hoje não teria feito alguns dos posts que me trouxeram até aqui, mas sou infinitamente grato pela minha coragem de expor meus pensamentos para uma arena digital que não dorme e não falha.

Vejo essas mesmas pessoas que cresceram nas plataformas trazendo sim, suas visões sobre temas, muitas delas sem diplomas de comunicação, reforçando esse discurso datado de quem pode e quem não pode. Ei, você não é a nova Anna Wintour!

Lembre-se que criamos uma pauta e jogamos para o mundo. As pessoas concordarem ou não é um direito delas. Você escreve para debater ou validar? Ora, se não quer um confronto de ideias, um diário é uma ótima opção para você se expressar.

Enquanto mantivermos vivo esse pseudo poder sobre nossas pequenas grandezas, estamos apenas reproduzindo e limitando ainda mais jovens a experimentarem o quão libertador é poder ser ouvido e criar suas próprias narrativas.

Não se esqueça que somos instantes e nem eu nem você iremos revolucionar a moda com os nossos posts, mas com certeza se isso faz sentido para nem que seja uma dúzia de pessoas, não seja a que vai sabotar alguém apenas por você, a Regina Guerreiro do século XXI, achar o que pode ou não pode ser dialogado na internet de acordo com a sua lógica seletiva.

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