No balancê da moda, a Foz acredita no nordeste como ritmo

Existe uma movimentação em torno de um novo Brasil que rompa as barreiras do sul e sudeste em áreas criativas, estéticas, técnicas e econômicas. Na moda esse perfume surgiu muito durante a pandemia, onde passamos a buscar as nossas referências internas mais do que nunca, de olhar para dentro e colocar o autoconhecimento como ponto de partida.

Mas esse Brasil sempre existiu, nem sempre de chão de terra batida, seca ou fome. Mas de um povo que dentro das suas possibilidades e desejos, enxerga um outro mundo sem pressa e em seu próprio compasso. São essas histórias que a @foz_____ conta da moda. E na coleção O Arraial, apresentada em filme no @SPFW, não seria diferente.

A Ilha do Ferro banhada pelo Velho Chico como pano de fundo, Cai Cai Balão tocando, o romance de dois jovens coroado por Santo Antônio, o triângulo, a zabumba e a sanfona. Deu até para sentir o cheiro de fumaça que vem da fogueira e esquenta os corações de quem vem do interior, mas vive por inteiro.

“Nesta coleção, a inspiração vem dos fogos de artifício, da festa do milho, da abundância e colheita típica deste período, da chuva que chega com o inverno sertanejo e da mistura da festa católica com a quadrilha e o forró rala coxa, elementos que marcam essa dualidade cultural que forma a identidade brasileira”, diz Antônio Castro, diretor criativo da Foz.

Como não lembrar das roupas de chita e das bandeirolas de retalho? Mas na Foz elas chegam em tecidos naturais como o linho, cheios de bordados de redendê e cestarias com fibra de ouricuri pelas mãos talentosas de Entremontes, além dos fuxicos. Antônio busca poesia onde não se acredita que tem, faz uma moda que conta histórias e emociona, desmistifica a sazonalidade e prazo de validade dos nossos festejos tradicionais, e mergulha no Brasil como fonte de possibilidades e ponto de partida.

Entre tantos anarriês, alavantus e balancês da moda, o que podemos dizer é que a Foz fez a estreia em seu ritmo, do seu jeito, sem seguir tendências ou regras, mas na compasso certo, assim como quando começamos arrastar os pés no início do forró e pegamos o ritmo certo na hora certa.

E que bom que o sanfoneiro tocou. Precisamos de uma nova melodia.

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