A moda e os reféns do espetáculo

Semanas de moda, tapetes vermelhos, premiações e grandes bailes: tudo isso tem em comum o fator visual, o momento inesperado da surpresa através de uma imagem. Não é de hoje que todos querem os seus 15 minutos de fama. E a moda vem servindo de muleta para estratégias bem pensadas sobre novas figuras que usam do artifício visual para se consolidar um ícone fashion.

Passamos a usar a imagem pirotécnica como algo disruptivo em nossa construção de repertório e admiração por figuras geradas através de filtros e stylists, a moda já não é mais orgânica como em outros tempos, onde os guarda-roupas traduziam uma linguagem pessoal e intransferível de quem pautava se vestir de si mesmo, e não de acordo com um montante de “cores” vistos hoje em dia.

Entre o certo e errado, passamos a observar como as personas seguem linhas comuns quando falamos em estilo. As passarelas já não são mais as mesmas, a moda não dita mais como a sociedade deve se vestir e as personalidades não são mais as de Hollywood. Quando mexemos em algumas estruturas, também banalizamos o fato dos referenciais e pontos de partida para onde olhar. E, com isso, passamos a nos tornar reprodutores passageiros de um consumo sem sentido, onde no fim das contas, somos todos manequins tentando surpreender pessoas que nem sabem que nós existimos.

Vejo nosso estilo como uma tela em branco e seguimos pintando até a tentativa falha de finalizar o quadro. Assim como as mudanças da nossa vida, nossos gostos podem e devem ser mutáveis, nos dando a oportunidade de sentir o sabor de novas descobertas através de tecidos e padronagens. É como se, de uma hora para outra, passássemos a normalizar a falta de originalidade e a todo custo tentássemos nos encaixar em estéticas banais.

E esse consumo pasteurizado vai muito além das araras: estamos acomodados a pessoas, situações, eventos, restaurantes e tudo mais que nos dizem que é “in” consumir.

Com isso, vamos esvaziando cada vez mais a chance de nos sentirmos únicos, se tornando mais um em meio a multidão de iguais. Seja seu estilo minimalista ou maximalista, aposte todas as fichas numa moda que possa ser você mesmo.

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