Uma nova década surge na moda

O ano era 2013. Altas, magras, brancas, perfis semelhantes, conteúdo idem. A capa da @GlamourBrasil naquele ano celebrava as 5 maiores blogueiras de moda. Lembro bem o alvoroço que foi na época. Uma nova geração de comunicadores surgia e a dúvida no mercado editorial era imensa. Não sabiam muito bem o que fazer com essas meninas que ditavam tendências através dos seus estilos de vida que pautavam a moda como ferramenta de pertencimento através dos seus gostos pessoais e, a partir disso, geravam números exorbitantes e, muito, mas muito dinheiro.

A chefia da Glamour naquela época pilotava uma revista totalmente segmentada justamente para esse padrão de mulheres beirando até mesmo a infantilização intelectual feminina através das suas pautas. Era tudo tão bobo! Como podemos consumir conteúdos banais durante tanto tempo? Lembram do vídeo dublando “Girls Just Wanna Have Fun?”. Depois disso, o resto é história.

10 anos se passaram e hoje vemos a @LaRobertita na capa da Glamour, como a primeira estrela de 2023. Precisamos de um gap de uma década para celebrar uma moda que vai na contramão de tudo que nos foi imposto sobre ela. Mulher, nordestina, negra, gorda, lésbica e com consciência de classe: esse é o perfil que deveríamos estampar não só as publicações nacionais, mas em diversas áreas de atuação e protagonismo profissional.

Foto: Glamour Brasil/Reprodução

Quando mais da metade da população é negra, não podemos fingir que é normal em um grupo de 5 pessoas não ter sequer pelo menos um nome.

Mas foram 10 anos para que esse entendimento, mesmo que ainda muito pouco, se tornasse realidade. Queremos ver a ascensão de grupos marginalizados, acompanhar o crescimento dessas pessoas, vibrar com suas conquistas, entender que sem uma herança sanguínea ou com contas de bancos pode ser mais difícil, mas não é impossível.

Hackear o sistema.

Robertita não está sozinha nessa capa. Ela traz um movimento, um propósito, uma carga que não é só dela, mas de toda uma comunidade que se enxerga ali, onde as oportunidades foram – e ainda são – tiradas apenas pela cor da pele ou sotaque.

Que bom que já se passaram 10 anos.

Parabéns Glamour e time. No fim, o que todos precisamos é apenas de uma chance.

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