Pharrell Williams e a excelência preta na moda

Nos últimos dias fui impactado por um post no perfil do @bruno.misterins que trazia a chamada “Aprenda com a Lacoste a vender pro público certo”, abordando como a marca pontuou ao trazer o funk e comunidades periféricas que consumiam o crocodilo para o debate. Se tratando de Brasil, os comentários racistas estavam de prontidão, questionando a desvalorização da marca e possível perda do seu “público alvo”, que podemos ler como brancos, ricos e privilegiados.

Ontem, em Paris, #PharrellWilliams fez o seu debut na direção criativa da #LouisVuitton com um desfile apoteótico pós-falecimento do Virgil Abloh, ex-designer da casa francesa e que revolucionou a moda muito antes da LV. E sabe qual a importância de momentos de consagração como esse? Enxergar a excelência preta na moda e em áreas criativas e mostrar que a indústria das roupas ainda pode sonhar e que não existe cor certa ou errada para ser pertencente a um movimento.

O desfile trouxe símbolos da Louis Vuitton atrelados ao perfume streetwear de Pharrell e alguns momentos lúdicos do Virgil, assim como referências também de outras casas de moda, como o clássico tweed da Chanel, na qual Pharrell tem proximidade. Não que seja uma coleção para os olhos lisérgicos daqueles que procuram na moda uma imagem de utopia, mas não deixa de ser animador olhar para um novo momento que nasce no consumo de luxo com a perpetuação de um legado recente, que traz a representatividade por si só, além de um apelo comercial que não perde o DNA do multiartista no cargo.

Foto/Reprodução
Foto/Reprodução

Pharrell mostrou que sua experiência é inquestionável perante os julgamentos sobre as capacidades de uma pessoa preta. Nem um um diploma, nem a falta dela, habilita alguém a se destacar diante o que foi predestinado. Na moda, o que importa é o discernimento. Primeiro para saber qual a sua história, segundo pela aptidão de técnicas que você acumulou ao longo do tempo. O que seria da nossa indústria sem os relacionamentos?

Talvez seja isso que a nova LV paute com a coleção Lovers. Uma celebração potente sobre uma moda que ama – e não estamos falando de amor romântico. Mas aquele que não se estampa em jaquetas. Os que olham o desfile além das tendências vão entender.

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