No últimos dias fomos pegos de surpresa. Dormimos e acordamos em uma pandemia. Sem bula ou manual, é um novo mundo.
O momento é de estresse, incertezas e, acima de tudo, de empatia. É que tudo está no avesso e o certo e errado não são tão diferentes. Eu li “A” capa da Vogue Brasil. “A” capa da discórdia com a Gisele Bündchen e a chamada “Novo Normal” e usando Prada. Nem só o diabo veste Prada. As ativistas, também.
O julgamento seletivo incomoda.
Passo as páginas mesmo que digitalmente da publicação, me deparo com a editora-chefe Paula Merlo falando com saudosismo da sua rotina simples. Normal era “sentir o cheiro da primeira fornada da padaria vizinha”, completa.
No recheio, um panorama sobre o que Miuccia Prada, responsável pelo look da capa, vem fazendo em termos de moda e futuro. A estilista já vinha pregando a simplicidade das coisas e ressignificando o luxo para uma maneira menos ostentação e celebrando uma vida longa às peças essenciais.
O escritor André Carvalhal, fala sobre como moldar essa nova história passando por um guarda roupa consciente e marcas com propósito- seguindo a linha de pensamento de seus livros best-sellers sobre o assunto.
Campanhas sociais, drops de pensamentos sobre como o mundo irá ressurgir depois da tormenta, o retorno da Patou e como a nova direção por conta do designer Guillaume Henry estão impulsionando uma cadeia de produção mais transparente, as artes de Antônio Obá falando sobre preconceitos históricos, o editorial com a própria Gisele fomentando seu estilo de vida simples e free.
Será que o “erro” foi tão errado? Vide Anitta, sendo descancelada e levantando bandeiras em prol da sociedade. Não somos mais os mesmos de ontem, nem seremos mais os mesmos depois de amanhã.
Em troca de DMs com a Paula Merlo aqui pelo Instagram, ela foi muito feliz ao afirmar que “não somos alienados” e que “espere a capa de junho”. Partindo do princípio que vivemos um eterno julgamento pela capa, muitas vezes não damos a oportunidade de desfrutar algumas páginas. Nas revistas ou na vida, o que importa é o recheio.