Faltando pouco mais de dois meses para a nova edição da São Paulo Fashion Week, penso muito sobre o que vem por aí. Fazendo um panorama a nível internacional das semanas de moda, sinto que há um esgotamento de toda essa maratona infindável de desfiles com excessos de informações e múltiplas visões sobre a sociedade e as evoluções da indumentária. Se ao redor do globo pautamos sobre crise econômica e uma moda mais focada na execução, podemos esperar esse reflexo aqui também?
Trazendo para o Brasil e todo o contexto de reformulação estrutural que estamos vivendo, vejo muitas críticas – algumas bem válidas – sobre como o @spfw vem se desenvolvendo, para quais lados está focando e como as marcas se sentem em torno disso. Em posição de olhar interno, o que muitas pessoas acabam questionando é a relação dos patrocínios que auxiliam cada etiqueta a fazer o seu show. Uns mais, outros menos, mas todos apresentando suas coleções.
Para além de uma marca conseguir cruzar a passarela, devemos questionar se o pós-desfile também é válido, quando as luzes se apagam, tudo que vemos se torna possível e rentável?
Para um pequeno estilista, o alto investimento de uma semana de moda vale mais do que usar essa quantia e energia para estruturação e gerar renda?
Nem todas as estratégias da moda são para todas as marcas. O que funciona para um, para outro pode ser uma cartada fora, uma experiência que foge do entendimento e até mesmo do controle.
Pautas urgentes precisam estar ligadas à excelência. Não adianta apenas querer participar, mas também estar apta ao mercado, trazendo técnica e estética em uma indústria que a roupa é o produto final. Ela precisa fazer sentido em todos os aspectos: da narrativa ao consumo.
Com o atual formato que temos hoje, mesmo com suas questões, a semana de moda nacional é, de longe, uma das mais democráticas. Diversa em corpos, cores e expressões. É um organismo que está em mudança, assim como a sociedade. E que bom que temos essa possibilidade de questionar. Lá fora é tudo diferente.
Precisamos valorizar o Brasil e suas múltiplas histórias. Mas não podemos deixar de lado que para sustentar tantas pessoas, a moda precisa funcionar.