Poderia ser um questionamento comum entre as dores de quem sente saudades pelas boas pitadas da moda de outros tempos. Por um lado, chega a parecer um saudosismo sem sentido ou uma melancolia descomunal, mas é fato que poucos são aqueles que estão conseguindo se consolidar em um cenário de consumo que façam roupas além das temporadas. E esse é o ponto de partida da Cris Barros para sua nova coleção, a Archives.
Cris mergulha nas memórias de outros tempos, daqueles que até hoje bebemos na fonte inspiracional e voltamos para lugares de originalidade e qualidade. Me pego pensando o que estaremos falando sobre o hoje daqui a 10, 20 ou 30 anos. Quais serão os nossos referenciais históricos de uma moda tão acelerada e sem uma identidade marcada por suas projeções e feitos que traduzem a nossa sociedade.
“Ao fechar os olhos, eu me vejo no berço da civilização entre os vales dos rios Tigres e Eufrates. Da abundante Mesopotâmia até a fascinante Macedônia, aqui estou, hipnotizada pelas cenas do nascimento das primeiras grandes trocas culturais do mundo. O que faz que uma imagem se eternize na nossa memória mais que outra? A essência de que se tornará referência e legado. O futuro é construído a partir desses fragmentos do passado, oscilando até a utopia das nossas memórias coletivas na era digital”, diz Cris Barros.
E pensar que essas utopias nos levam a lugares inimagináveis e preocupantes na mesma proporção, criamos um desconforto em criar o consumo de moda nesse tabuleiro de xadrez que se movimenta de maneiras minuciosas com suas peças estratégicas, onde o jogo se torna de poder, e não mais de inspiração.
Remando contra a maré, Cris segue fomentando seu savoir-faire longe do que é esperado para uma marca se manter em números de vendas na agilidade da Geração Z. O forte trabalho em manualidades é visto revisitado em arquivos da marca valorizando o feito à mão com tecidos nobres e combinações inusitadas, construindo linha por linha roupas que valem a pena apreciar.
Vale lembrar que o passado é lugar de referência, e não de permanência. Assim como @crisbarrosofficial, devemos buscar apenas o que precisamos para criar o que é faz sentido para o agora.