Precisamos de uma moda que apoie vários talentos

Não é de hoje que as collabs existem na moda. Com os olhares voltados para as pessoas como produto, a cultura do reality show fez com que muitas personalidades surgissem e criassem da sua rotina um produto mensurável de alto investimento. Isso corrobora na moda com o vislumbre do capitalismo em diversas estratégias para que impactos monetários sejam viabilizados, muitos deles, sem fomento criativo, apenas um nome.

Hoje a Donatella Versace anunciou um novo projeto para sua marca ao lado da cantora Dua Lipa. Batizada de “La Vacanza”, o match será lançado em Cannes no dia 23. Entende-se a boa relação da Versace com artistas, não é segredo para ninguém como Gianni impulsionou cantores, atrizes e nomes estrelados no showbusiness, mas se tratando de temas atuais, será que ainda temos espaço para esses namoros sem propósito além do financeiro?

Em outra ação, Donatella chegou a criar com verdadeiros estilistas como o Kim Jones, mas nesses outros casos, qual a real contribuição que grandes etiquetas nas jogadas de marketing deixam de relevante para a moda?

Aqui no Brasil temos alguns pontos que também nos fazem pensar sobre a durabilidade dos feitos. Recentemente a Schultz, comandada pelo grupo Arezzo, lançou coleções especiais com personalidades como Thássia Naves, Lalá Rudge e Helena Bordon. Ambas se destacaram no início dos anos 2010 por conta de seus blogs de moda.

Tudo bem que no fim do dia todos querem vender. Mas se por um lado pautamos uma moda mais democrática e acessos igualitários para todos, por outro deixamos de lado a possibilidade de explorar criativamente diversos setores. Jovens artistas, pequenas marcas, pensadores e até mesmo trendsetters (os que criam tendências com seus olhares de vanguarda, não os que no auge dos privilégios ganham chancela).

Imagina se os gigantes conglomerados do circuito nacional olhassem com atenção para as potências através de novos designers, dando a eles o respaldo da autoridade e investimento financeiro necessário para abrir portas e desenvolver produtos?

No fim do dia, além de criar algo novo com real significado para a moda, faria muito mais sentido do que apenas tentar replicar tendências internacionais.

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