O falecimento de #JaneBirkin aos 76 pegou todo mundo de surpresa. O interessante em grande parte das notícias é que a celebração em torno do batismo da famosa bolsa Birkin da Hermès, não era o ponto principal na contação da história da artista britânica, mas sim, os seus feitos no cinema e na música. Além do estilo de vida fácil, descomplicado e usável, fugindo de todos os estereótipos do que se espera de uma diva do show business.
Não que o recorte da Hermès não seja interessante: em um voo, Jane reclamou da falta de funcionalidade de uma bolsa que usava e, quem estava no mesmo avião, era Jean-Louis Duma, na época chefe-executivo da grife francesa que prontamente desenhou um modelo maior e com mais ergonomia batizando-o de Birkin. O resto é história.
Em 2015 a atriz questionou a Hermès e pediu para tirar seu sobrenome das bolsas feitas a partir do couro de croco em represália aos maus tratos animais. Até a finalização desse post a grife não prestou condolências à Jane, que podemos pensar nesse motivo como uma ruptura de relação. Até porque o capitalismo só vai até onde lhe convém. E no mercado de luxo, então…
E assim nascem os ícones. Das ruas, dos olhares vanguardistas, das atitudes que extrapolam qualquer pauta montada. Não são e nem podem ser fabricados. Impossível você criar uma personalidade que não seja real, é insustentável.
Veja o caso da Babe Paley, socialite que no meio de uma ventania seu lenço do pescoço voou e rapidamente o pegou e amarrou na bolsa. Boom, temos uma tendência. Ou o caso da Sarah Jessica Parker em Sexy and The City eternizando a bolsa Baguette da Fendi com uma frase cômica. Brigitte Bardot e o vichy, Audrey Hepburn com o pretinho básico, Zelda Wynn Waldes e sua contribuição para pessoas pretas na moda.
Hoje, com a pasteurização da sociedade, dificilmente teremos alguém para lembrar em algumas décadas futuras. Todos os produtos criados para os meios digitais são descartados.
O esvaziamento imagético se dá bem antes através da escassez intelectual, onde em posts lemos nos comentários que não sabiam que Birkin era um sobrenome já famoso. Esse é o preço que se paga por uma geração de mentes vazias e closets cheios de bolsas.