Amar a moda nacional não deveria ser um pecado

Já parou para pensar o quanto de símbolos vemos diariamente de representações internacionais da moda e como a paixão por essas casas não são tímidas? Desde maquiagens até tatuagens, podemos encontrar uma vasta lista de declarações que aproximam o consumidor do produto, numa maneira sem limites de explanar que você faz parte desse universo e isso está cravado na sua realidade.

O mesmo amor pela moda não se aplica ao nacional. Existe um grande motivo por trás disso: a proximidade. A lista de novos estilistas que ficaram próximos dos seus públicos – consumindo ou apoiando em suas estratégias – é gigante. E parece ser pecado tentar fugir do estereótipo de elitista e inalcançável que a moda tem. As pessoas tem fetiche pelo “exclusivo”.

E é interessante observar que essa união pode causar desconforto em algumas partes: desde adjetivos que remetem ao puxa-saco até o sem embasamento, parece incomodar quem ainda olha para uma moda colonizadora onde só o que vem de fora pode ser aplaudido, reverenciado e tido como norte.

Ao visualizar marcas que falam sobre um Brasil interno, percebemos o estranhamento, porque quem vive em bolhas sociais, jamais vai poder entender o que realmente estamos falando sem uma imersão nesses interiores, de como é importante se enxergar dentro de uma narrativa.

O prazer de carregar logos francesas, de usar peças que não correspondem com mais da metade da realidade do nosso país, de se sentir diferente por carregar bolsas atoalhadas ou de ráfia quando o símbolo traz um grito internacional faz mais sentido e causa menos mal estar do que abraçar um estilista nacional.

Não deveríamos ter vergonha de assumir nossas paixões pela propriedade intelectual que é nossa. Viver em função de uma cultura que abrace o poder aquisitivo estrangeiro é uma forma de apagar a nossa história e identidade.

A moda nacional não existe apenas em maio e novembro quando acontece o São Paulo Fashion Week. Acontece agora. E se a gente não consegue amar o que é nosso sem levar em consideração a importância da economia criativa da moda, estaremos fadados a ser fantoches desse sistema que acredita ser high fashion por usar um gloss da Dior.

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