Tendo mais de 95 milhões de fotos postadas por dia no Instagram, fica difícil de parar e observar o que uma imagem tem a nos dizer. Me peguei muito pensativo como, por exemplo, uma foto publicada mês passado de uma ação onde a escritora @djamilaribeiro1 protagoniza nova campanha da Chevrolet ao lado da Chris Rego, diretora-executiva de Marketing GM América do Sul. No registro em questão, Djamila surge em posição traseira à Chris, onde na publicação podemos ler comentários de outras mulheres pretas questionando o posicionamento imagético perante uma mulher branca.
Essa pode ser uma reflexão plausível quando buscamos entender o lugar de protagonismo preto na indústria do entretenimento, moda e publicidade. Veja a própria @iza, sempre questionada para lançar álbuns e criticada por ter uma carreira sólida em comerciais. Durante muito tempo ninguém perguntou o porquê de só assistirmos a representações brancas nos comerciais e revistas.
Dito isso temos a icônica capa das Vogues USA e Britânica com as supermodelos originais dos anos 90: Naomi Campbell, Linda Evangelista, Cindy Crawford e Christy Turlington. E falando em imagem, uma em questão se destaca com a Naomi no topo. Não por trazer algum tipo de rivalidade feminina ou colocar em questão números, mas é fato que, dentro da moda, Naomi é a que seguiu firme no cenário mundial com o seu ofício em uma profissão que durante muito tempo a validade era contada de acordo com a faixa etária ou cor da pele.
Levando em consideração inúmeros fatores que nos trazem até aqui como sociedade, enxergar uma mulher preta e suas dificuldades ao longo da carreira na moda nos faz acreditar que Naomi é um símbolo por trás de toda a sua imagem que foi julgada por sua personalidade em alguns recortes da vida. Isso é mais comum quando vemos uma única preta em lugar de destaque na moda esbranquiçada. É fato que diferente das suas colegas, Naomi precisou lutar bem mais para seguir relevante.
Em um mundo distópico com Chat GPT, propagandas póstumas com Inteligência Artificial, uma boa imagem de moda real ainda nos emociona para nos lembrar que os ícones não podem ser projetados por códigos binários. O talento não tem algoritmo.