Nos últimos tempos nos deparamos com coleções e vimos as passarelas ganharem espaços para protestos válidos e pensamentos além do comercial, mas durante a NYFW, a brasileira @PatriciaBonaldi nos mostra que ainda temos espaço para apreciar o belo. Afinal, o que seria da moda senão roupas que nos transportassem para futuros utópicos em um mundo onde a realidade ainda é tão difícil?
Inspirada no movimento do tropicalismo dos anos 70, a @PatBo_Brasil levou toda a expertise nacional do feito à mão pelas bordadeiras da Escola de Bordados fundada por Patrícia em Uberlândia onde além de preservar os saberes manuais, perpetua o legado que resiste em seguir existindo com os fatores industriais e falta de fomento para continuar fazendo sentido no mundo acelerado das fast e ultra-fashion.
Os looks de festa bordados que são característica da marca surgem de uma maneira mais contemporânea e sóbria, não se estendendo mais aos códigos noturnos e mostrando uma mulher (e homem!) em uma passarela madura, atemporal e que ousa brilhar o dia inteiro – seja em roupas resort ou na alfaiataria revisitada e com aplicações. Por que não?
“Somos locais para nos tornarmos globais”, afirma Patrícia. E cada vez mais entendemos que beber da nossa essência para levar o talento nacional para o mundo é o que faz uma marca ter sentido nos dias de hoje. Sem uma história que represente o Brasil e suas múltiplas faces na moda é, no fim, apenas mais uma roupa.
Mesmo vindo de um lugar tão competitivo e muitas vezes desafiador, esse foi também o desfile que cravou o início da modelo @ritacarreira nas passarelas internacionais. É muito importante ver que Patrícia Bonaldi também está atenta às pautas sobre diversidade e que esteja alavancando nomes fora do padrão dentro do seu universo, já que durante muito tempo, rostos como o da Rita e até mesmo de influenciadoras como @reisrodriguess não seriam cogitadas neste cenário. Que bom que tudo vem mudando. Se antes víamos influenciadoras pasteurizadas, hoje temos mulheres com vozes.
Parece que a semana de moda de NY está ficando pequena para o tamanho da moda feita no Brasil.
Fotos: leofaria