O Brasil como potência na moda

Quando o francês Jacquemus esteve no Brasil, uma comoção geral na bolha da moda se formou. Confesso que fico intrigado nesse endeusamento que muitos de nós temos quando um estilista estrangeiro pisa em nosso solo (ainda não sabemos se foi em busca de inspiração) e deixamos de lado designers nacionais que têm autoridade sobre nossas vivências.

Mas tirando toda a carga de visão pessoal e a síndrome de vira-lata, o fato é que o Brasil está nos olhos do mundo. Talvez estejamos vivendo um novo tempo que chega com a amistosidade de um novo Governo que busca estreitar e criar afinidade com outras potências abrindo portas para que conheçam a nossa rica cultura, ou até mesmo tudo isso venha em decorrência como os brasileiros passaram a consumir e engajar em relação a tudo dentro das plataformas digitais. Nós somos desejáveis e desejamos – música, moda, esporte, entretenimento.

Veja que isso se torna cada vez mais visível quando durante a Semana de Moda de Paris, o desfile da #StephaneRolland faz uma ode à nossa ancestralidade e celebra os grandes nomes das artes na trilha sonora como Maria Bethânia e Caetano Veloso. A noiva que encheu os feeds do Instagram representava o manto da Nossa Senhora, também haviam bordados em referência à Amazônia e o modernismo de Oscar Niemeyer também foi fonte.

Foto/Reproduçã0

Um pouquinho antes, no desfile masculino da #LouisVuitton, o funk brasileiro ecoou na passarela. Não deixa de ser um grande avanço quando estamos falando de um funk proibidão em um cenário de luxo. Mas, assim como no início, me questiono se a marca entende todo o significado por trás da história do funk e se estaria disposta a colocar quem vive do ritmo em suas campanhas ou primeira fila?

Outra marca que de alguma maneira celebrou o Brasil foi a #GiambattistaValli, inserindo @MarinaRuyBarbosa no fim do desfile como noiva, momento mais alto das apresentações. Isso significa que agora mais do que nunca a moda internacional nos observa de uma maneira diferente e com poder de compra.

Foto: Daniele Oberrauch/Reprodução

Olhar todo esse interesse pelo Brasil é louvável, mas precisamos fortalecer a indústria nacional para que nossa multiplicidade não seja celebrada apenas lá fora, mas que aqui dentro faça sentido.

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