Closets cheios, pessoas vazias

Uma das coisas que faz a pessoa se apaixonar pela moda é a capacidade de interpretação que um desfile, por exemplo, pode nos causar. Veja só Viktor & Rolf durante a Semana de Moda de Paris. As modelos surgiram usando vestidos – ou os vestidos que estavam usando as modelos? – que se deslocavam do corpo, não havia o encaixe certo para as roupas.

Foto: Dominique Charriau/Reprodução

Faz um tempo que o perfil @Hylentino abordou a questão entre personalidades e stylists e como essa construção de imagem de moda está cada vez mais atrelada ao espetáculo. Se estamos discutindo o futuro das coisas em meio a inteligência artificial e bots que podem facilmente nos substituir em funções, essa caracterização imagética se torna corriqueira na corrida pela atenção e destaque.

Ontem recebi a ligação de uma amiga estilista que viu o post da @camilacoutinho falando sobre IA e Chat GPT. Me falou que está estudando sobre todos esses assuntos apocalípticos em torno do mercado de trabalho de uma geração que não está preparada para sair da viralização do TikTok ou Instagram e alega falta de proatividade atrelada a necessidade de seguir as tendências da massa.

Enquanto a capacidade intelectual se esvazia, uma nova revolução como tivemos a Industrial no início do século XIX começa. Diferente de uma mão de obra para executar produtos, estamos chegando perto de colocar em algoritmos a nossa humanização, indo em direção onde os nossos pensamentos serão moldados digitalmente, assim como as realidades são fantasiadas pelos feeds perfeitos.

E no fim, como a capa do post, temos uma geração de armários lotados e pessoas vazias, vagando na procura de algo, que muitas vezes nem elas mesmos sabem o que é.

Com tantos avanços ao mesmo tempo que estão desenhando a nossa realidade a nível fast, pautas ecológicas e sociais, talvez seja a hora de tirar um pouco de tudo que não nos acrescenta e, além de vestir a peça must have da estação, buscar conhecimento que ultrapasse as telas e nos torna seres interessantes e interessados.

Não acredito nas previsões de fim do mundo, mas os avanços acontecem e precisamos nos atentar para que o nosso prazo de validade não chegue antes da hora. Não por medo de robôs, mas por não fazer sentido.

Foto: Dominique Charriau/Reprodução
Foto: Dominique Charriau/Reprodução

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