O efeito Balenciaga e a ressaca na moda

Perceba que estamos passando por momentos turbulentos na moda. Desde que a #Balenciaga entrou no olho do furacão com as suas últimas campanhas polêmicas e um cancelamento digital massivo (porque no mundo real, a marca continuou vendendo), começamos a nos questionar até onde vai o limite da criatividade e liberdade na indústria.

Com a chegada do circuito internacional de Semanas de Moda, a marca divulgou uma ação que vai auxiliar na causa infantil, fazendo link direto com o tema que assolou a casa espanhola.

Em entrevista para a Vogue internacional, Demna, que segue como diretor criativo da Balenciaga, afirmou que não vai mais procurar fazer buzz ou gerar uma imagem de impacto nas passarelas ou com celebridades. O foco será criar roupas e seguir o legado de Cristóbal.

O mundo mudou. Talvez toda essa euforia na busca de criar um artigo compartilhável na corrida para permanecer relevante no “fale bem ou fale mal”, as pessoas começaram a saturar, olhar para o papel das narrativas no aspecto social e político, ou simplesmente, assistir um desfile que traga as roupas para o centro da questão sem necessariamente prever o fim da nossa espécie.

É como se nesse momento todos nós estivéssemos passando por uma ressaca, enjoando rápido de tudo e querendo que a sensação passe logo. O sentimento de ver de novo uma configuração de elementos de repetição, mais um look mirabolante, mais uma pessoa tentando aparecer e os feeds lotados de compartilhamentos na velocidade da luz.

Parou para pensar que faz um bom tempo que não temos mais um acontecimento histórico? Não há mais lembranças na moda de um look memorável como o Jungle Dress da Versace ou até mesmo as aparições de Lady Gaga com peças do Alexander McQueen no VMA.

Tudo virou banal, esquecível e passageiro. Sendo estratégia da Balenciaga ou não, vai ser interessante observar essa retomada e entender como as mudanças serão aplicadas. A gestão pelo medo de errar feio novamente vai impactar na capacidade de criação de Demna? Pode ser que sim, mas algumas coisas realmente são preferíveis evitar do que na tentativa do impacto, você acabar destruindo um legado por caprichos de sacos de lixo ou fitas adesivas.

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