Mês passado vi um gráfico onde trazia dados sobre o crescimento de marcas do Grupo Soma e uma comparação foi feita entre o número de lojas da Cris Barros x uma nova etiqueta do hall. A neomarca estava conseguindo um desempenho melhor com a mesma quantia de lojas.
Hoje, a Cris Barros desfilou em São Paulo a sua nova coleção batizada de La Vita Come Spettacolo, inspirada na Commedia Dell’Arte e nas tradicionais personagens Arlequim, Colombina e o Pierrot, reinterpretados livremente sob a ótica de uma criadora da moda. O tema, mesmo não sendo algo novo dentro das narrativas fashion, nos dá a oportunidade de ilustrar bem o que é ser um diretor criativo nesta indústria.
A estilista contornou a sua própria peça teatral em um batalhão de 45 looks coesos, consistentes e segmentados. Tudo ali fazia sentido: desde a volumetria dos longos esvoaçantes com os desenhos autorais e bordados feitos à mão no ateliê da marca, até os pretinhos nada básicos.
Quando falamos sobre moda , é exatamente isso. Narrar fatos, contar histórias, transcender a linha da inspiração e deixar uma marca no mundo, dar vida a algo que leve continuidade e contribua para uma identidade de moda nacional como referência além mar. Na moda nem tudo pode ser sobre lucro, ainda há respiro de sonho.
“La Vita Come Spettacolo não somente como uma coleção, mas como arte para o cotidiano. Brilho, movimento e liberdade e não se levar tão a sério contemplam tudo o que espero ver no palco desse inverno”, afirma Cris.
A Commedia Dell’Arte é a vida como improviso, o fazer artístico que, veja, também nos representa. Fazer moda no Brasil é equilibrar vários pratos numa mão só. Se pudéssemos traduzir os personagens como o mercado funciona, diríamos que muitos são os Pierrots com a lágrima de tristeza pingada em conta gotas, enquanto o Arlequim, espalhafatoso e bobo, se diverte com a Colombina, que não tem olhos para o que realmente importa, para onde há o sentimento de verdade.
Talvez se @CrisBarrosOfficial estivesse no ranking não fizesse sentido. Além de se igualar ao jogo dos negócios, perderíamos a chance de assistir uma boa moda feita no país.
Os populares nem sempre são os mais promissores.