Desde antes da pandemia, a revista Vogue Brasil já foi palco de diversas polêmicas. Talvez a que tenha colocado a publicação no olho do furacão, tenha sido a festa de aniversário com teor racista da ex-editora, Donata Meirelles, que em seguida foi desligada do grupo Globo Condé Nast, responsável pela marca no país.
Com a pandemia e o fatídico “Novo Normal”, Vogue voltou a ser pauta após colocar Gisele Bündchen na capa usando Prada, para falar sobre o momento que estávamos e estamos passando. O cancelamento veio e, com ele, parece que os frutos positivos, também.
Nas mais recentes publicações, após Gisele, trabalharam a temática que envolve a cadeia de produção da moda e, em setembro em torno de uma ação mundial dos títulos Vogue, seguiram com o tema natureza, que por sinal, foi bem aceito.
Mesmo com todas essas mudanças, no meio do caminho nos encontramos com a polêmica envolvendo a CEO Daniela Falcão. Para quem não habitava o planeta Terra nos últimos dias, o fato foi que o site Buzzfeed fez uma grande reportagem compilando declarações de assédio em volta da chefona da revista para com os seus colaboradores. Até o momento, Daniela não se pronunciou (na verdade ela sempre deixou claro que o seu temperamento não era um dos melhores).
Hoje, 28, o perfil da Vogue Brasil no Instagram anunciou Pabllo Vittar como uma das capas de Outubro. A gente sabe que representatividade não deve ser cobrada e muito menos para um veículo de moda. É importante ter pessoas como a Pabllo sinalizando que as minorias existem. Mas até que ponto isso pode ser genuinamente verdadeiro?
O que sabemos é que existe muita publicidade atrás de tudo isso. Mesmo assim, querendo ou não, no final, todos ganham. A revista ganha monetariamente, os fãs da Pabllo ganham com uma capa importante e as drags ganham visibilidade no país que mais mata a comunidade LGBTQIA+.
Não existem mudanças do dia para a noite. A nossa sociedade é pautada por uma construção aos passos de formiga. Precisamos cobrar posições mas não fazer disso uma guerra por direitos e deveres. Acredito que um mundo mais justo, é onde as vozes possam ser ouvidas, mas não com gritos.