Durante minhas cadeiras no curso de Jornalismo não houve aprendizado melhor do que o que recebi de uma professora, senão quando ela me falava que “a lógica não é universal”. Eu já tentava dentro da universidade ter uma visão mais justa perante alguns fatos, afinal, o que é certo para mim pode não ser certo para você, mas precisamos achar um meio termo.
Vivemos em um país que diariamente necessitamos tomar partido pelo que acreditamos.
Nos últimos anos estamos passando por uma revolução que nunca tínhamos visto. A era da globalização nos trouxe ferramentas que auxiliaram nos entendimentos públicos e para com o outro, mas ao mesmo tempo, deu munição para aqueles que acreditam que a lógica é sim, universal.
Mesmo depois da sua morte em 2019 a Fernanda Young estava certa. Em um texto publicado postumamente pelo jornal O Globo batizado de “Bando de Cafonas”, (https://oglobo.globo.com/opiniao/bando-de-cafonas-23899256) Young trouxe para o debate o mau gosto existencial. Não pelo gosto pessoal ou pela crise estética. Ela falava sobre a cafonice ética, que não é calculada. É uma cafonice que se instaurou nas entranhas do Brasil tão profundamente que as raízes deram frutos podres, sem esperanças e recheados de perversidade.
“As redes sociais deram voz à legião de imbecis”, diz Umberto Eco. O poder da comunicação foi se esvaziando com o tempo e essa foi uma das maiores armas para o facismo. Vozes surgiram através do achismo e perfis verificados que esbanjam vidas superficiais e berram suas soberanias entre as Birkins combinando com as suas semelhantes.
Bando de cafonas. Cafonas ao ponto de não poderem enxergar além dos próprios privilégios. Cafonas por acharem que empregando trabalhadores são salvadores da pátria. Cafonas por corroborar com atos que vão contra a democracia. Cafonas por carregarem a culpa da cumplicidade.
São tão cafonas que vivem uma vida vazia em ode a si mesmo, dentro das bolhas de ego e falsos sorrisos para fingirem um pertencimento que só existe nas redes sociais, maquiando a realidade.
Cafonas ao ponto de, mesmo com todos os acessos, serem reféns da pobreza interior.
Falar sobre moda política nunca foi tão necessário, mas o “bom gosto” que estamos discutindo aqui, infelizmente não se compra.