Veja, eu amo a Gisele. Penso que raros e escassos são as pessoas da moda que não admiram ou simpatizam com a über que representa o Brasil internacionalmente através dos seus feitos nas passarelas, campanhas e ativismos.
A vinda de Bündchen para o carnaval no Rio de Janeiro a convite de uma marca de cerveja causou dualidade de emoções. Tudo isso voltado ao suposto cachê de U$2 milhões de dólares, o que daria pouco mais de R$10 milhões de reais para uma presença de 3 horas no camarote.
Partindo do princípio de que ninguém pode colocar preço no trabalho dos outros, não vejo Gisele como errada em aceitar esse jobzinho tranquilo e aumentar alguns dígitos na conta. Afinal, não tá fácil pra ninguém.
E não está mesmo. Nunca esteve fácil e nunca vai estar. Sabe por quê? Porque ouso dizer que poucas são as marcas que olham para as novas personas do Brasil, os personagens da vida real, os comunicadores, influenciadores, artistas e personalidades que representam a nossa pluralidade e tamanho em um tempo além do que Gisele nos representou. Nem olham sequer se essas pessoas que estão no evento consomem o produto…
Não tem como falar no caso sem pontuar justamente a desigualdade social em que estamos vivendo. A situação no litoral de SP acabou potencializando a notícia do cachê e levantando essa questão que o Brasil ainda não é um país de todos.
E é uma pena que passem a olhar as diferenças nesses momentos em que colocamos os extremos em local de comparação enquanto diariamente tragédias anunciadas acontecem.
Talvez #GiseleBundchen possa não representar para muitos tudo isso que sabemos que ela representou um dia. Mas também não podemos muito menos invalidar uma carreira irretocável que é digna de todos os milhões.
O que podemos fazer é saber se posicionar e cobrar a essas marcas que consumimos, uma contrapartida transparente para que outras pessoas também possam se sentirem confortáveis e remuneradas justamente para que o carnaval não seja feliz só na tela da TV.
Ah, e o fantasma do machismo… sempre velado como crítica construtiva, mas mostra suas faces quando uma mulher ganha igual a um jogador de futebol.
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